Pesca pode ser feita com rede de espera

Presidentes das Colônias de Pescadores de Balneário Arroio do Silva, Ilhas, Rincão e Balneário Gaivota estiveram ontem na sede do Ibama em Florianópolis, para discutir a pesca em rede de espera, proibida pelo órgão no dia 19 de junho. O prazo para a retirada das redes estava marcado para dia 4 de julho.

Da reunião com o superintendente do órgão no Estado, Américo Ribeiro Tunes, os pescadores trouxeram uma boa notícia para a classe no Vale: a pesca com o artefato está autorizada por tempo indeterminado, através de uma emenda provisória, na região.
Segundo o presidente da Colônia de Pesca do Arroio, Eneval Caetano, o Checo, que participou do encontro, a decisão auxilia os pescadores da região, que em sua maioria – 38 pescadores artesanais -, usam a rede fixa – que conta com uma âncora e pode ser retirada em média duas vezes ao dia, e que é alvo de proibição do Ibama com o argumento de que a âncora corta as linhas da rede de arrasto, que fica no mar por um período maior que a rede de espera.

Durante a reunião, o novo Ministério da Pesca se comprometeu a abraçar a causa dos pescadores artesanais na luta pela implantação definitiva da medida. "Estamos otimistas, e todos os pescadores estão de parabéns", diz Checo, que afirma que a causa recebeu o apoio do presidente da Confederação Nacional da Pesca no Estado, Ivo da Silva, e do deputado estadual Darci de Mattos (DEM). Um dos motivos que estimularam a liberação da rede de espera na região foi a invenção do pescador artesanal do Arroio, Tonico, que criou uma espécie de âncora apelidada pelos pescadores de "arraia" e que impede o corte das redes de arrasto.

A decisão foi comemorada pelos pescadores, que dizem que devido as características do mar no Vale, são impedidos de trabalhar com o arrastão. Um desses pescadores é Zé Gadelha, 56, que trabalha com a pesca há mais de 40 anos no Arroio. Ele diz que possui tanto a rede de espera quanto a rede de arrasto, e que o último equipamento não vai ao mar há cerca de um ano. "Fica impossível entrar, porque o mar é agitado, a canoa não aguenta", explica. Para ele, a decisão do Ibama em conceder a licença provisória na região vai incrementar a pesca e animar pescadores, que por dia, estão retirando em média 25 Kg de pescados, como bagre, corvina e algumas tainhas das redes de espera. "Se o Ibama não desse a licença, seria como cortar as nossas pernas, porque sobrevivemos da pesca", disse ele, que vende os pescados colhidos na hora, pelo fone (48) 9625 4225, ou na casa dele, no bairro Areias Brancas.

 

  • Matéria publicada no Jornal Correio do Sul em 01.07.09