Denúncia do jornal flagra golpistas suspeitos
Três integrantes de uma suposta Organização Não Governamental foram presos no início da tarde de ontem em Araranguá, após flagrante registrado pela reportagem do Correio do Sul. Daniele Christina Xavier Maria Berlim, 44 anos, Alan Nascimento, 33, e Alexandre Roberto Barbosa, 24, foram presos por volta das 14h, quando pediam dinheiro à população no Calçadão, no centro da cidade. Agentes da Polícia Civil foram enviados pelo delegado Jorge Giraldi após contato da reportagem que antes disso acionou o 190 da Polícia Militar sem sucesso.
Ao ser alertada por leitores, a reportagem de longe acompanhou a ação do trio por quase uma hora. Das 13 às 13h55min, mais de cem pessoas foram abordadas. Muitas caíram na lábia dos supostos voluntários da Ong Resgate Crianças e deram dinheiro aos golpistas. A artesã Jéssica Batista Rocha, moradora da Sanga da Toca, foi uma das vítimas. "Eu doei R$2,00. É pouco, mas por achar que a causa era nobre nem pensei duas vezes e puxei o dinheiro do bolso", conta.
O jornalista Saulo Pithan, do Correio do Sul, também foi abordado. Com discurso pronto, o rapaz de 24 anos afirmava que as doações seriam usadas para aquisição de caixas de leite e alimentos que seriam doados às crianças atendidas pelo Centro de Recuperação Resgate Criança, da cidade de Navegantes. Disse ainda que a entidade possuía sede em vários lugares do Brasil, inclusive em Criciúma, e que o trabalho consistia em tirar crianças e adolescentes usuários de drogas das ruas e acolhê-las em um lar repleto de amor e carinho. Ao ser interceptado pelos policiais civis, o trio tentou se defender e alegou estar realizando campanha para a ONG em conformidade com a lei. Eles foram conduzidos até a Central de Polícia para prestar esclarecimentos. Após consultas ao sistema, os policiais descobriram que não apenas eles, mas um grupo ainda maior de possíveis golpistas age no estado inteiro.
Foram encontrados registros policiais de ações semelhantes do mesmo grupo, nas cidades de Blumenau, Brusque e Florianópolis. Alexandre Roberto, de 24 anos, já teve passagens por furto e roubo em Navegantes e cumpre medida de liberdade provisória. De acordo com o diretor do Departamento Antidrogas de Navegantes, já existem outros procedimentos contra esta suposta organização que possui uma espécie de centro de recuperação na cidade. O local funciona em precárias condições e sem permissão, apenas como pano de fundo para este tipo de ação. Informou também que por diversas vezes a ONG já foi alvo de inquéritos policiais, pois usava menores para pedir dinheiro nas ruas, em cidades da região da grande Florianópolis.
Os três deverão responder pelo crime de estelionato. O dinheiro que arrecadaram, cerca de R$350,00 em notas pequenas, foi recolhido pela polícia e será entregue ao judiciário, bem como crachás e documentos da suposta ONG que para sua defesa apresentou como prova apenas cópia de um CNPJ. "Não tenho dúvidas de que isso se configura como estelionato e graças à denúncia do Correio do Sul conseguimos evitar que mais gente fosse lesada," esclarece Giraldi. Ele desconfia que a quantia arrecadada pelo grupo tenha sido maior, já que a mulher disse que estavam na cidade desde às 9 horas. Após ouvidos os 'ongueiros' foram liberados, já que nenhuma vítima registrou boletim de ocorrência.
ONG pode ter usado nome do Arroio
A diretora municipal do Departamento de Desenvolvimento Social de Balneário Arroio do Silva, Avanei Tomaz de Bitencourt Vieira, fez ontem um alerta para a comunidade regional. Pessoas dizendo ser de uma ONG estavam utilizando indevidamente o nome do município para arrecadar dinheiro. Na semana passada, Avanei recebeu informações do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Criciúma de que uma ONG que dizia se chamar Força Org estaria atuando por lá pedindo ajuda para crianças vítimas de violência sexual no Balneário. "Respondemos que no Arroio do Silva não existe cadastrada e nem temos informações ou conhecimento da existência dessa ONG, nem de trabalho sendo realizado neste sentido", alerta.
Ontem autoridades do Arroio do Silva foram informadas que o golpe estaria sendo aplicado em Sombrio, onde a dizia se chamar Resgate.Org. A divulgação do golpe chegou ao conhecimento de pessoas em Araranguá, que ligaram os fatos ao grupo que arrecadava dinheiro no Calçadão, e informaram ao Correio do Sul. O jornal por sua vez acionou a polícia e três pessoas foram presas. A polícia investiga a participação deles no caso envolvendo o Arroio.
Fonte: Correio do Sul