Multimistura para crianças da Paróquia Mãe dos Homens é produzida no Arroio

  

Cerca de 900 crianças de 11 comunidades dos municípios abrangidos pela Paróquia Nossa Senhora Mãe dos Homens, com sede em Araranguá, são nutridas pela multimistura de cereais produzida pelas senhoras da Pastoral da Criança de Balneário Arroio do Silva.

 

O trabalho de preparo da multimistura – que tem ajudado a salvar a vida de muitas crianças – é coordenado pela senhora Leonides Michels, conhecida como Dona Nida, com apoio de voluntárias. “Todas as terças-feiras, pela manhã, nos reunimos para preparar a multimistura e na quarta-feira é embalada e distribuída. Ao mês são produzidos 500 pacotes de 350g cada. O excedente é comercializado para adultos”, diz.

 

Segundo Dona Nida, a multimistura para adultos é diferente e não contém farelo de trigo, milho e polvilho doce. Todo o trabalho tem o acompanhamento direto da Coordenadora da Pastoral da Criança, Liege Borges Gomes e Joana Rovaris, Coordenadora das Pastorais.

 Colheita e preparo  

Todo ano, no mês de abril (época em que o aipim está com as folhas maduras), as senhoras da Pastoral da Criança de Arroio do Silva efetuam a colheita das folhas do aipim. “Temos que colher as folhas do meio do pé porque são as ideais. A colheita deve ser feita entre 7h e 10h da manhã, para preservar seu princípio ativo”, conta Ivonete Cibien, que junto com outras voluntárias participaram pela primeira vez da colheita, realizada na roça do senhor Zé Rosso.

 

Após colherem as folhas do aipim, as voluntárias fizeram a tríplice lavagem em água com uma solução de cloro por 20 minutos. “Depois de lavar em água limpa, a folha é rasgada com as mãos em três partes, sem o talo e separada para a secagem, que leva de 6 a 8 dias. O próximo passo é triturar as folhas no liquidificador, peneirado e reservado em potes de vidro em local escuro.

 

A solução dura por um ano. Posteriormente, o pó da folha de aipim é misturada a casca de ovo, proteína de soja, farelo de trigo, arroz, milho e polvilho doce, sementes de gergelim, girassol, abóbora. Na cozinha da Pastoral da Criança, na Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes do Arroio do Silva, com o uso de duas máquinas misturadoras onde é  preparada a multimistura.   

Saiba mais 

A chamada farinha múltipla ou farinha multimistura é uma tecnologia social difundida como complemento alimentar para o combate à mortalidade infantil.Geralmente composta por farelos (de arroz, de trigo e/ou de milho), sementes (de abóbora, melancia e/ou gergelim), pó de folhas verde-escuras (de aipim, de batata doce e de abóbora) e cascas de ovos, apresenta variações regionais em termos quantitativos e qualitativos da formulação.

 

À farinha múltipla é atribuído valor como suplemento/complemento alimentar por conta do teor e variedade dos nutrientes que possui, vindo a sua utilização, por esse motivo, sendo preconizada para recuperação/reequilibrio nutricional. Essas qualidades, aliadas ao seu baixo custo e simplicidade de preparação têm sensibilizado diversas instituições sociais para a utilização desta multimistura no combate à desnutrição, principalmente infantil e outros quadros de carências relacionadas à alimentação.

 

Os nutricionistas e técnicos de alimentos, por outro lado, têm questionado, além do seu real valor nutricional, principalmente as suas condições higiênico-sanitárias, uma vez que é proveniente de matérias-primas não convencionais e via de regra produzida e utilizada empiricamente.